Duas espécies de abelhas tornam-se uma só e os investigadores resolvem o enigma da identidade



Um novo estudo das Universidades de Curtin e Flinders descobriu que o que se pensava serem duas espécies diferentes de abelhas nativas australianas são, de facto, uma só.

O investigador principal, Kit Prendergast, da Escola de Ciências Moleculares e da Vida de Curtin, afirmou que o estudo, baseado em inquéritos a abelhas nativas nas localidades de Wireless Hill, Shenton Park e Russo Reserve, em Perth, altera fundamentalmente o pensamento anterior.

“Essencialmente, a equipa de investigação utilizou a sequenciação de ADN para mostrar que aquilo que costumávamos considerar como duas espécies diferentes de abelhas são, na verdade, apenas os machos e as fêmeas de uma única espécie”, afirmou Prendergast.

“Para muitas espécies de abelhas nativas da Austrália, as suas descrições baseavam-se apenas num sexo. Identificar machos e fêmeas como pertencentes à mesma espécie apenas através da observação pode ser um desafio, uma vez que ambos os sexos da mesma espécie apresentam frequentemente diferenças notáveis”, acrescentou.

Machos e as fêmeas da mesma espécie podem ter aparências distintas, enquanto espécies diferentes do mesmo sexo podem parecer bastante semelhantes

Neste estudo, Prendendergast recolheu “o que parecia ser a fêmea de uma espécie de abelha que só tinha sido descrita a partir do macho – uma espécie na altura chamada Xanthesma (Xenohesma) perpulchra”.

A equipa utilizou então a análise de ADN para confirmar que estas abelhas fêmeas eram de facto da mesma espécie que o macho.

“Surpreendentemente, o seu ADN também correspondia a outra espécie, que só tinha sido descrita a partir da fêmea – a Xanthesma (Xanthesma) brachycera, pelo que conseguimos provar que as duas eram, de facto, a mesma espécie”, revelou, acrescentando que “parece que ambos os sexos nunca tinham sido recolhidos no mesmo local ao mesmo tempo e ambos foram descritos no início do século XX, muito antes do advento da análise de ADN”.

Prendergast afirmou que os resultados mostram o valor do código de barras do ADN na identificação exata de machos e fêmeas que pertencem à mesma espécie. Isto é particularmente crucial porque os machos e as fêmeas da mesma espécie podem ter aparências distintas, enquanto espécies diferentes do mesmo sexo podem parecer bastante semelhantes.

“As nossas descobertas são significativas porque a capacidade de identificar corretamente as espécies é fundamentalmente importante para praticamente todos os aspetos das ciências biológicas”, afirmou Prendergast.

Para o investigador, “a identificação exata das espécies permite-nos determinar quantas espécies estão presentes numa área, ajuda-nos a compreender a evolução da vida na Terra e como as espécies estão relacionadas. Também nos permite avaliar as necessidades de conservação”.

“Esperamos que esta investigação seja apenas a ponta do icebergue no que diz respeito à taxonomia das abelhas nativas australianas e que inspire as agências e o governo a investir em mais trabalho taxonómico, especialmente nos Euryglossinae, que é um grupo importante, mas pouco estudado, de abelhas nativas da Austrália”, concluiu.





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